quarta-feira, 17 de junho de 2009

Uma rosa vermelha para Lucas Fortes dos Santos

Por: Sérgio Alfredo Massen Prieb*

Os velhos comunistas que conheci eram unânimes em reverenciar um nome entre os ferroviários, tendo completado neste ano 60 anos de sua morte: Lucas Fortes dos Santos. Este maquinista da Viação Férrea, nascido em nossa cidade em 1901 dá nome a uma rua no Parque Pinheiro Machado (talvez a única rua com nome de comunista em Santa Maria), tendo sido um dos mais ativos militantes comunistas que Santa Maria e que o estado do RS conheceram. Sendo dirigente estadual do PCB chegou à condição de suplente de deputado federal, conforme relatado no livro “Comunistas Gaúchos – a vida de 31 militantes da classe operária” de João Batista Marçal, Editora Tchê, 1986.

Marçal afirma que Lucas Fortes dos Santos morreu em 1947 em plena campanha para deputado federal pelo PCB, sendo praticamente eleito devido aos votos das famílias ferroviárias. Um fato da vida desse ferroviário é destacado no livro de Marçal e me foi lembrado dia desses por Fernando Sauthier, filho do falecido comunista Teóphilo Sauthier. Nos anos 40, os ferroviários deflagraram uma greve e instalaram na Praça Saldanha Marinho um mural com as suas reivindicações. O padre integralista e, naturalmente, anticomunista, Abílio Sponcchiaro, ameaçou rasgar o mural quando Lucas colocou-se em frente ao material, impedindo que o integralista o rasgasse. Após uma discussão entre os dois, o padre tira da batina uma pistola automática e puxa o gatilho.

Para azar do padre Abílio a arma engasga e Lucas acerta um sonoro tapa que o fez rolar pelo chão. Pois dia desses, juntamente com um amigo, Edson Prestes, tivemos a idéia de procurar o túmulo deste ilustre comunista que não tivemos o privilégio de conhecer. Achamos que provavelmente estaria enterrado no Cemitério Municipal. Apesar da boa vontade dos funcionários e de procurar nos registros do cemitério, a busca foi em vão. Assim, nós que ainda acreditamos na construção do socialismo (e o Fórum de Unidade dos Comunistas realizado em março prova que, ao contrário do que muitos gostariam, não somos tão poucos assim), tivemos de adiar uma pequena homenagem que faríamos a Lucas Fortes dos Santos, que seria demonstrada através do depósito de uma rosa em seu túmulo. Uma rosa vermelha, é claro.

(Artigo publicado no jornal Diário de Santa Maria do dia 23/04/07)

*UFSM